O setor de mídias sociais dos clubes precisou se reinventar

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Como não poderia ser diferente, o futebol foi mais um campo da sociedade afetado por conta da pandemia de Covid-19. Sem bola rolando, consequentemente os clubes precisaram se adaptar a nova realidade em diversos âmbitos. Com a entrada de capital reduzida durante o período, medidas como o corte de pessoal e a redução de salário de atletas foram tomadas por todo o país.

Uma das áreas mais impactadas no período de pausa dos confrontos, o setor de mídias sociais dos clubes precisou se reinventar. Diretamente ligado a atividades como partidas e treinamentos, a pergunta era clara: de que forma iria se criar conteúdo sem futebol?

Para Fausto Portela, 31, analista de marketing digital do Ceará, o desafio foi sem precedentes. “O impacto (da pausa do futebol) foi gigante. É algo bem diferente do que a gente vive quando os jogadores entram de férias, porque não deu para planejar o que seria feito durante o período”, pontuou.

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Contudo, apesar da surpresa do momento e do planejamento de urgência, Portela afirma que o Vovô conseguiu bons números durante a quarentena. “Segundo o Ibope/Repucom, no ranking de maio (referente a abril), tivemos o 3º melhor desempenho em crescimento entre os clubes do Brasil e o maior do Nordeste”, revela.

Do outro lado do Clássico-Rei, no Fortaleza, a busca por novas ideias também se fez necessária. Dudu Oliveira, 28, supervisor de marketing do Leão, conta que mesmo com as dificuldades impostas por conta da pausa do futebol, ações eficientes foram implementadas junto à torcida do Tricolor. “Estamos conseguindo lidar de uma forma bem positiva com toda essa paralisação, pensando fora da caixa e criando conteúdos diferenciados”, discorre.

Oliveira complementa. “Já fizemos fitdance com as leoninas, nossos preparadores físicos disponibilizaram exercícios para se fazer em casa, realizamos desafios sobre a história do clube e também um concurso de tatuagem”.

Assim como no Alvinegro, as novas ideias também renderam bons números para o departamento tricolor. As redes sociais do Leão permaneceram no top-20 da América no quesito interações.

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Visando manter o crescimento na internet, os rivais buscam inspirações também em outros mercados. A National Football League (a NFL, liga de futebol americano) e a National Basketball Association (a NBA, liga de basquete dos EUA) foram alguns dos exemplos citados.

Novidades trazidas por times da Europa também são observadas para uma possível adaptação. Apesar da distância geográfica, a internet consegue diminuir os caminhos e até provocar interações interessantes como foi o caso de Ceará e Tottenham/ING, além de PSG/FRA e Fortaleza.

Portela, contudo, afirma que é preciso cuidado na hora de implementar ideias inspiradas em outros esportes ou instituições. “Cada torcida tem sua particularidade. A torcida do Ceará é muito tradicional. Muito do que funciona pra outros clubes, não funciona pra gente, porém, nós estamos sempre analisando o que é feito em outras equipes pelo mundo”, pondera.

Conscientização social através da internet

Além de informar e entreter seu torcedor, Fortaleza e Ceará sabem da importância do papel social que podem exercer por meio de seus canais oficiais de comunicação. No contexto da pandemia, a dupla cearense tratou também de focar na conscientização de seus seguidores acerca dos cuidados necessários no combate do novo coronavírus.

“As redes sociais passaram a ser o refúgio de muita gente na quarentena. Foi feita então uma curadoria sobre o que deveria ser postado, além de testes. O ponto principal foi a preocupação social, a conscientização da torcida”, disse Portela.

Oliveira corrobora com a opinião do companheiro de profissão. O funcionário do Fortaleza explica que também é papel do clube ajudar o seu torcedor a passar por esse momento difícil à nível social. “Nosso intuito sempre foi levar algo revelante e que ajude de alguma forma o nosso público a enfrentar as dificuldades da quarentena”, finaliza.