[OPINIÃO] Fortaleza e o título da superação

[OPINIÃO] Fortaleza e o título da superação
Foto: Ithalo Silva/CBF

No último domingo, 9, o Fortaleza conquistou o título da Copa do Nordeste de 2024. Um dos favoritos à vencer ao torneio, principalmente pelo investimento realizado, o Leão do Pici fez valer sua qualidade e, mesmo sem apresentar regularidade, se sagrou tricampeão regional.

Não foi fácil. Apesar da manutenção do técnico Juan Pablo Vojvoda, da maior parte do elenco e da chegada de bons reforços, o Tricolor de Aço não brilhou. Com apenas duas vitórias na primeira fase, um futebol abaixo do esperado e derrotas doloridas, como no Clássico-Rei para o Ceará e a virada para o Maranhão, o time do Parque dos Campeonatos, parecia sem forças para ir mais longe.

Aliado a tudo isso, e não menos importante, a delegação cearense foi alvo de um atentado praticado por torcedores do Sport em jogo da primeira fase do Nordestão. Com vários jogadores feridos por estilhaços de vidro quebrado     das janelas do ônibus por causa de pedras e bombas, o Fortaleza pensou em desistir da competição. 

No entanto, deixar a Copa do Nordeste não era possível. Pouco tempo depois, o Leão teve que superar o susto, o medo, a covardia e até os desfalques provocados pelo ato criminoso para voltar a entrar em campo pelo torneio regional. 

Passada a primeira fase, era hora das quartas de final. Segundo colocado do Grupo B com apenas 8 pontos, o clube cearense não teve muitas dificuldades para golear o Altos por 5 a 0, mesmo com time reserva, e avançar de fase. 

Na semifinal, quis o destino que o Fortaleza voltasse à Recife para encarar o Sport, no mesmo local do atentado  ocorrido três meses antes. Além de enfrentar o adversário fora de casa, o Tricolor de Aço teria que demonstrar, mais uma vez, um forte psicológico. 

Apesar das adversidades impostas antes da partida, a equipe de Vojvoda passeou em campo. Contestado na temporada, o atacante Moisés também se superou e marcou três gols. Com 45 minutos o placar na Arena Pernambuco apontava o finalista com um sonoro 4 a 0 para o Fortaleza. O gol de honra de Gustavo Coutinho não diminuiu em nada o feito realizado em campo. O Tricolor de Aço parecia de alma lavada.

Perto dali, outro time também se superava. O "franco atirador" CRB eliminava o super favorito nos pênaltis e se classificava para disputar a final com o Leão do Pici. 

Definido o confronto, o Fortaleza viu na Copa do Nordeste a chance de "salvar" o primeiro semestre.   Perder o título estadual para o Ceará e ser eliminado para o Vasco da Gama na Copa do Brasil, ambos nos pênaltis, com certeza não estava no planejamento da equipe. 

Os comandados de Vojvoda chegaram na final como favoritos. O Tricolor, na Série A do Campeonato Brasileiro e com investimento alto, enfrentaria um adversário da Série B e com um investimento bem menor.

Porém, os traumas recentes, principalmente em disputas de penalidades, deixava o torcedor com a orelha em pé.

No primeiro jogo da final, na Arena Castelão, festa e vitória. Os gols de Moisés e Lucero, ainda no primeiro tempo, fizeram parecer que o título seria decidido ali, nos primeiros 90 minutos. No entanto, a perseverança do CRB na partida mostrava que não seria tão fácil assim.

No último domingo, em Maceió, o time alagoano foi o primeiro a se superar. Surpreendendo toda a lógica, o CRB repetiu o placar do Leão na primeira final e levou a disputa da taça para as cobranças de pênaltis. 

Nesta hora, foi a vez do Fortaleza se superar. Nos últimos meses, o time Tricolor perdeu os títulos da Copa Sul-Americana e do Campeonato Cearense nas penalidades. O roteiro era conhecido: o goleiro João Ricardo fazia sua parte e alguns jogadores perdiam suas oportunidades. 

Desta vez, João Ricardo não precisou brilhar. Com os cinco gols feitos e contando com o erro de Anselmo Ramon, o Fortaleza se sagrou tricampeão da Copa do Nordeste. Yago Pikachu, que não jogou bem, fez o gol do título. 

Em um título entre altos e baixos, o grande destaque do Fortaleza foi a superação.