Mulheres foram proibidas de jogar futebol no Brasil após decreto em lei
No último dia 14 de abril completou 81 anos que o futebol feminino era proibido por lei no Brasil no governo do presidente Getúlio Vargas.
Em 1941, em Ditadura do Estado Novo, o então presidente baixou o decreto-lei 3.199 como resposta aos apelos de cidadãos que alegavam estar preocupados com os impactos de certas modalidades ao corpo feminino e seus órgãos reprodutivos.
Para chegar a tal proibição temos que voltar ao ano de 1940 quando um amistoso entre São Paulo e Flamengo aconteceria no recém-inaugurado estádio Pacaembú.
Antes desse duelo, Sport Clube Brasileiro e o Casino de Realengo, dois clubes do subúrbio carioca, iam se enfrentar e os times eram formados por mulheres. Zizinha e Sarah marcaram para o Sport diante de mais de 65 mil pessoas, mas a repercussão foi altamente negativa e machista.
Vários setores da sociedade enviaram reclamações formais ao Governo com a justificativa de que a mulher não poderia praticar esse esporte violento sem afetar, seriamente, o equilíbrio psicológico das funções orgânicas, devido à natureza que a dispôs a ‘ser mãe.
Com a pressão de muitos setores da sociedade, o presidente Getúlio Vargas decretou a medida 3199 que dizia:
“Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país”.
A proibição só foi ser encerrada por lei em 1979 e a prática do futebol feminino liberada em 1983.
Futebol Feminino no Ceará
Por muitos anos, o Campeonato Cearense Feminino de 2008 era considerado o primeiro da modalidade no Estado até o levantamento feito pela jornalista Karine Nascimento.
Na época estudante de jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC), com o intuito de escrever seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), acabou recontando a história do futebol feminino em solo cearense.
Já formada, Karine Nascimento, nome carimbado na crônica esportiva local, escreveu um livro-reportagem, onde após muita pesquisa, resgatou a edição de 1983 do Campeonato Cearense. O torneio aconteceu apenas quatro anos depois do fim da lei que proibia as mulheres de jogarem futebol.
O livro leva o nome, ”A verdadeira regra do Impedimento”, onde a autora usa esse fato resgatado da nossa história, como centelha de tudo que há de atrasado, na condução do futebol feminino e no ingresso das mulheres em todas as áreas que vivem do esporte.
Participantes
Ao todo, 12 clubes participarão do certame. Número até impressionante, se compararmos a atual edição, que conta com apenas quatro equipes.
28 de Agosto, Calouros do Ar, Ceará, Clube dos Trabalhadores do Montese (CTM), CSU Presidente Médici, Escola Técnica, Ferroviário, Ironte, Rede Santana, Salgado Gama (Pepsi, como era conhecido por questões de naming rights), Santos e Tiradentes foram as equipes que disputaram a primeira edição do torneio feminino estadual.
Primeiro Campeão e Destaques do Elenco
Coube as meninas do Ferroviário, a conquista do histórico titulo, superando a equipe Salgado Gama, que ficou com o vice-campeonato. Erisvanda (meia) e Lúcia Trovão (atacante) foram as atletas de maior destaque daquele time.
Texto baseado no excelente conteúdo trazido por Artur.
Há 81 anos anos, o futebol feminino era proibido no Brasil.