Contra crise da Covid-19, Ceará tem equilíbrio financeiro como defesa

Foto: Divulgação

Com consecutivos superávit, alvinegro deverá se manter estável pós-paralisação

Como era previsto, os clubes começam a sentir o peso da parada do calendário, em decorrência da pandemia causada pro Coronavírus. Equipes de nível estadual, como Caucaia, Pacajus e Barbalha, tiveram problemas para segurar seus jogadores, cujo os contratos iam até maio, como normalmente é feito por times cujo o objetivo do ano, é o campeonato estadual. A nível regional, Sport e Santa Cruz têm tido dificuldades para cumprir compromissos trabalhistas. Na Série A, o novo Coronavírus virou combustível para agravar crises de equipes como Vasco, Fluminense, Botafogo e o já citado Sport.

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Uma das exceções é o Ceará, cujo o principal trunfo, é o equilíbrio financeiro conquistado ao longo dos últimos anos. Obviamente, o Vozão tem suas finanças bastante afetadas pela crise, mas, hoje, está em condições “tranquilas”, para passar por isso sem maiores problemas.

O jornalista especializado em finanças no esporte, Rodrigo Capelo, do globoesporte.com , fez uma análise do atual momento econômico da equipe cearense.

Com números até 2019, o Vovô teve um crescimento significativo nas receitas e uma dívida estável. Fazendo um recorte entre 2015 à 2019, o orçamento do último ano foi maior que o triplo de 2015, quando bateu 30 milhões de Reais em receitas. Ano este que o time estava na Série B, e conquistou a Copa do Nordeste, mas brigou contra o rebaixamento no brasileiro. Já no ano passado, no seu segundo ano consecutivo na Série A, o alvinegro registrou 98 milhões de receita. Enquanto isso, o endividamento saiu de 11 milhões em 2015( um terço do orçamento), para 15 milhões( menos que um sexto do orçamento).

O recorde de 2019 nas receitas do clube, passa pelas cotas de televisão, que passaram por mudanças na divisão do montante, justamente na temporada citada. Em relação a 2017, último ano de Série B da equipe alencarina, o clube recebeu aproximadamente um quarto da última temporada, cujo o Vovô recebeu 49 milhões.

Outro grande motor, foi a torcida, que no mesmo período dobrou a arrecadação do clube, somando 23 milhões em bilheterias, venda de produtos, dentre outras receitas ligadas ao torcedor.

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A venda de atletas teve acréscimos bem relevantes. Durante dois anos, o alvinegro não obteve lucros. Já em 2019, foram 15 milhões.

O presidente Robinson de Castro, um dos maiores responsáveis por essa situação econômica, foi bem conservador após o acesso do clube em 2017. A curto prazo(dívidas com vencimento menor que 1 ano), o time tinha apenas 4 milhões à pagar. Desmembrando essa dívida, temos os seguintes gastos:

  • R$ 677 mil em fornecedores
  • R$ 46 mil em empréstimos de instituições financeiras
  • R$ 219 mil em direitos de imagem a pagar
  • R$ 373 mil em obrigações com agentes e clubes
  • R$ 2,3 milhões em obrigações trabalhistas e previdenciárias
  • R$ 1 milhão em obrigações tributárias
  • R$ 969 mil em parcelamentos
  • R$ 400 mil em ações judiciais com perda provável
  • R$ 75 mil em outras obrigações

Subtraindo esses valores, do dinheiro que o Ceará tinha em caixa até 31 de dezembro, chegamos aos 4 milhões.

É bem verdade que o conservadorismo de Robinson de Castro quase rebaixou o time por duas vezes. Com um elenco abaixo do nível da Série A em 2018, e investimentos mal sucedidos em 2019, o alvinegro quase freou esse crescimento caindo de divisão. Mas em 2020, o mandatário do clube promoveu mudanças, formando uma diretoria específica para montagem de elenco. Jogadores reconhecidos nacionalmente como Rafael Sóbis e Fernando Prass chegaram a Porangabussu. Além de outros nomes promissores como Vinícius e Charles.

Outra vantagem, é não precisar investir pesado em estrutura nesse momento. Na última década, o alvinegro modernizou sua CT e adquiriu mais um, este para a base, localizado na região metropolitana. É o maior CT do Nordeste.

Em agosto, o Ceará entrará em campo pelo Campeonato Brasileiro, para colocar à prova, toda esse crescimento na estrutura econômica do clube e sonhar com resultados expressivos e ficar por mais um ano na Série A.

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